HISTÓRIA

Filhos do carvão, irmãos da natureza

 
Raul Gonçalves Padilha é guardião da Casa de Pedra de Siderópolis há mais de uma década


Siderópolis e as heranças culturais, acompanhadas dos presentes da natureza

Da história do local, pouco conhece Raul Gonçalves Padilha. Sabe apenas que a casa em que mora é quase centenária. Há pouco mais de uma década, ele recebeu o convite de viver e cuidar da chamada Casa de Pedra de Siderópolis e com a mudança se aventurou também nos trabalhos do campo. “Quando eu cheguei aqui não se enxergava a casa de tanto mato que tinha por perto. Eu limpei tudo e comecei a plantar. Hoje tenho meu milho e meu gado”, conta o guardião.

A estrutura visivelmente deteriorada com pesar dos anos ganhou quadros dos ídolos como o cantor Amado Batista, mas principalmente o apreço católico através de imagens e santos. Para ele, a casa representa uma beleza pouco valorizada, apesar dos muitos curiosos visitarem o local. “Se não tivesse vindo para cá isso estaria tudo quebrado. Os animais já estavam parando aqui dentro. Aqui é fruto do trabalho de muita gente, tudo feito a machado”, comenta.

A casa localizada na região de Rio Jordão Baixo teria sido construída em 1914, por João Cercená, com o desejo de edificar uma réplica dos tradicionais alicerces italianos. O ambiente térreo conta com quatro cômodos, e o segundo pavimento se tornou um espaço vazio de divisórias destruídas. Nos fundos da casa, ruínas remetem ao que seria a cozinha.

O apreço que Raul sente pelo local é, no entanto, abrandado pela necessidade de uma morada mais próxima às suas necessidades. “Minha velhinha adoeceu e vamos ter que procurar um lugar perto do hospital. É uma pena”, diz.

Outra atração de cunho histórico, é o túnel utilizado antigamente para transportar carvão entre os municípios da região. Inaugurado em 1944, é o único ainda em uso no trajeto da Ferrovia Tereza Cristina. A estrada de ferro se estende por 300 metros de Criciúma a Siderópolis. E há rumores de que o local seja assombrado pelos trabalhadores que morreram em sua edificação.

Conforme o historiador Nilso Dassi, a construção do túnel ampliou a exploração do carvão e sua disseminação até os portos de Imbituba e Laguna.

O túnel faz parte dos 120 anos de colonização, comemorados no ano passado. O primeiro nome do município, Belluno, surgiu com criação de colônia de Nova Veneza em 1891. De acordo com Dassi, foram 234 imigrantes, divididos em 27 famílias.

Já em 1941, se instalou no município a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em prol da exploração de carvão, combustível de necessidade emergencial em razão do bloqueio marítimo provocado pela Segunda Guerra Mundial. Logo o título municipal passou a ser Siderópolis, e os imigrantes, conforme o historiador, se tornaram inimigos do Estado por manterem vivas as tradições de origem. “Foi o único núcleo da Colônia de Nova Veneza que perdeu sua identidade”, considera Dassi.

Roteiro turístico

Com a valorização do turismo natural, o município se torna uma opção entre as possibilidades da região. Há quatro anos ele mantém um quiosque em Rio Jordão Baixo próximo ao Balneário Fontanella. “Aqui tem de tudo um pouco, bebidas, produtos coloniais”, conta. Entre os pontos turísticos naturais também estão as cachoeiras Bianchini (12m), Rio Fiorita (20m) e os balneários dos rios Guellere, Valdir Napoleão e Porton.

O túnel aprimorou a exploração do carvão e sua disseminação até os portos de Imbituba e Laguna, com rapidez e economia

Por Daniela Soares
Matéria 2012 – Curso de Jornalismo da Faculdade SATC

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